Há um corpo para cada espírito,
Para todo caráter, toda natureza;
Matéria que exprime mais do que responde
Natureza que revela mais do que sublima.
Há aqueles para quem o corpo é obstáculo,
Penhasco escarpado a bloquear a jornada.
Outros para os quais o corpo é presença,
Tesouro sensorial que desafia a finitude.
Alguns para os quais o corpo é instrumento,
Marionete de pulsões por vezes inconfessáveis,
Repositório de vícios e torpezas nefandas.
Tantos ainda para quem o corpo é prisão,
Cela diminuta de solitárias penas,
Confinamento exíguo de perdidas liberdades.
E há aqueles para quem o corpo é possibilidade
– extensão da vontade, projeção do sonho, matéria viva –
Apenas estes são verdadeiramente humanos.
Leandro Gonsales Ciccone
12 de maio de 2018